Desculpem a falta das fotos... assim que eu encontrar uma Internet por tempo suficiente, farei o upload das fotos deste dia.
Dia da primeira mudança
Hoje acordei às 8:30 um pouco atrasado. Tinha que me arrumar e fazer a mala correndo porque as 9:30 tinha que sair de casa.
A Renata deixou na casa do Bert a mala dela já pronta e foi sozinha para Frankfurt, porque ela queria ir na feira farmacêutica. Como a feira não estava no programa, tivemos que fazer uns ajustes para que ela pudesse ir, e assim, ela não pode estar conosco neste dia.
Fomos mais uma vez para a universidade de Darmstadt e nos encontramos com o reitor da Faculdade de engenharia mecânica e com a Olympia que estará no Brasil neste sábado pelo programa do IGE. Eles nos levaram para a sala de reuniões, onde o reitor nos fez uma completa apresentação sobre a universidade. Ele nos contou que a meta anual é se manter entre as 3 melhores universidades da Alemanha.
Pudemos notar várias coisas diferentes entre o sistema de ensino Brasileiro e o sistema de ensino alemão. Primeiramente, para entrar na universidade são levadas em consideração duas coisas. Motivação e conhecimentos do ensino médio. Se a nota média for muito boa, o aluno é imediatamente aceito na universidade e se a nota média for muito ruim, ele é automaticamente rejeitado. Porém, e ai está a diferença mais gritante, as pessoas que tem notas intermediárias são entrevistadas e avaliadas quanto a sua motivação, e não são levados em conta as habilidades dos alunos. Eles acreditam, assim como eu, que quando o aluno sabe o mínimo e tem força de vontade... tudo é possível.
Outra diferença está nos professores. Os profissionais alemães fazem mestrado e doutorado, mas sem que seja para dar aula. Esses títulos servem para suas carreiras. E é apenas após trabalharem por algum tempo nas empresas e adquirirem experiência e habilidades suficientes, é que eles regressam para as universidades. A universidade é pública, mas tem total autonomia para distribuir os recursos da forma que bem entender. O reitor tem cargo por apenas um ano e necessariamente é um professor. O conselho é formado por alunos, professores e outros, e os alunos tem direito de expulsar um professor. (isso é até estranho a primeira vista, quando pensamos no ensino brasileiro, porque os alunos poderiam expulsar professores mais rigorosos, mas se levarmos em consideração que os alunos das faculdades estão definitivamente motivados, quanto menos rigoroso, didático e sábio for um professor, mais chances ele tem de ser expulso).
Muito interessante...rs...mas ainda ia melhorar muito.
Saindo da sala de reuniões, passamos a ser guiados pela IGÍsta Olympia. Extremamente inteligente e atenciosa, nossa amiga alemã nos mostrou, com bastante entusiasmo, o projeto de pesquisa que ela está desenvolvendo para doutorado. Hoje em dia, o uso do spray para refrigerar objetos é muito comum. O princípio simples do resfriamento do líquido comprimido é bem conhecido. A questão é: Como saber a real quantidade de spray que deve ser usado? Qual deve ser a velocidade do Spray? Qual deve ser o tamanho da gota, e de qual substância?
Como por exemplo, em uma máquina de corte de alumínio automática. Ao mesmo tempo que as serras cortam e modelam o pedaço de metal,um líquido (água) é jogado para resfriar o aparelho que esquenta muito por causa do atrito.
Para conseguir encontrar a fórmula (função) básica que determina a eficiência ou a capacidade de resfriamento do spray, a Olympia precisa estudar isoladamente o efeito que cada uma das possíveis variáveis tem sobre o modelo. Iniciando os estudos, ela optou por isolar a gravidade e estudar os efeitos desta. Criou então um mecanismo que aquece uma peça de cobre a uma temperatura constante, e ao mesmo tempo, injeta o spray de água a uma velocidade constante e com gotas de tamanho padrão. E ai, levou tudo isso para um avião que simulou 3 variações de gravidade. Gravidade zero, gravidade 1 e gravidade 2. Sem contrariar a teoria, ela pode confirmar que com gravidade zero, a água fica pairando sobre o cobre, trocando calor apenas por radiação. Mas com gravidade dobrada, as gotas de água atingiam o cobre mas não se dispersavam tanto, permanecendo mais tempo em contato com o material aquecido. Ou seja... resfriando-o mais rapidamente.
Agora só precisamos esperar para que ela isole as outras milhares de variáveis para conseguirmos finalmente reduzir os custos nas indústrias com resfriamento, para salvarmos vidas e para criarmos um novo mercado de trabalho. Dêem os meus parabéns pra ela por mim.
Saindo de lá, fomos conhecer uma mini fábrica de pistões que serve para ensinar os alunos a rotina de uma fábrica. Muito legal... encontramos com um alemão que havia morado no Brasil.
Comemos no refeitório da universidade mesmo (segue a foto) porque precisávamos ainda visitar o túnel de vento.
O túnel de vento da universidade de Darmstadt é o mais antigo da Alemanha. Isso porque todos os outros foram destruídos durante a guerra. O que salvou este túnel foi seu formato verticalizado, que confundiu os americanos e seus aliados. Parecia um prédio normal já que todos os túneis eram construídos antigamente, em um formato circular e na horizontal.
A idéia de fazer o túnel em formato de anel se deve pelo fato de que a velocidade do vento pode chegar a 290 km por hora, o que poderia causar acidentes do lado de fora. Alem, é claro, dos ganhos em energia que existem em um processo interligado.
Pudemos entender passo a passo o funcionamento do túnel e todas as suas curiosidades. E ainda conhecemos dois túneis menores, sendo que um deles tinha velocidade supersônica e estava sendo usado por alunos que queriam testar a teoria de que asas de aviões com eletrodos capazes de ionizar o ar a sua volta, sofrem menor atrito. (se isso for verdade, e for implementado, será preciso menos tempo e menos combustível para as viagens de avião, o que diminuiria ainda mais os preços das passagens).
Mas nossa tarde estava acabada, e voltamos para a casa do Bert, para pegar nossas malas, nos encontrarmos com a Renata e dizermos adeus a nossa primeira família hospedeira.
Chegamos lá, e a Elka havia deixado um bilhete... esse abaixo... e assim que ele voltou, pudemos nos despedir novamente.
Chegando em nossa segunda parada (ingelheim) eu finalmente me senti na Alemanha. Em Darmstadt as pessoas falam muito bem o inglês, e o Bert parece um ingês. Mas aqui na nova cidade as coisas são mais diferentes. A cidade é pequena (as margens do Reno) e as pessoas são, em grande parte, do campo. Com isso, o alemão passou a ser predominantemente utilizado.
Os homens acabaram sendo alocados juntos na casa do Mr. Ernest Keppler. E devo dizer... que casa... em um estilo muito mais brasileiro do que as casas de Darmstadt, ela faz uma mescla muito interessante entre o velho e o novo mundo. O jardim é incrível. A decoração conta com objetos antigos e modernos misturados sem muita parcimônia. De cara, na entrada, nos deparamos com um guerreiro chinês, esculpido em pedra no tamanho real. A casa é bem arrumadinha, mas ligeiramente entulhada. Eles têm muita coisa aqui. Nós fomos hospedados no andar de baixo. O Peterso ficou com um quarto, e eu e o Daniel ficamos com o outro. Mas o mais legal, além de termos espaço de sobra, é que metade do nosso andar é um salão de jogos com pebolim, mesa de sinuca, sala de ginástica, cozinha e lavanderia.
Deu tempo de jogar uma partida em que eu e o Peterso perdemos de lavada do Daniel e do Ernest Keppler, mas já tivemos que ir jantar.
Fomos caminhando pela cidade que lembra um pouco as cidades do interior dos EUA. Casas de no máximo dois andares, bem espaçadas entre elas, com ruas estreitas. Chegamos em fim ao Reno, e às margens dele nos deparamos com um restaurante que antigamente era uma garagem para locomotivas da cidade. O lugar é lindo como podem ver, e a comida é ótima.
Lá conhecemos alguns rotarianos e pudemos conversar um pouco com todos.
Mas chegando em casa, ficamos muito preocupados, porque não pudemos encontrar Internet. Mas eu acabei dormindo tentando. Ainda bem que o Peterso me acordou pra eu poder dormir direito.
Ana... te amo mais ainda esta noite.
13 de mai. de 2009 Postado por Alê às 01:04
Categoria Alexandre Bobrow
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1 comentários:
Nossa, que bacana esse estudo da Olympia.
Fiquei sabendo mesmo que os alemães tem uma tradição muito forte no lado acadêmico, algumas cidades da região sul do Brasil tem excelentes índices de qualidade de vida pois foram colonizadas por alemães, que se preocupavam com educação décadas antes do resto do país dar alguma prioridade ao tema.
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